Descrição
TRACKLIST:
A01 – Tibor Szemzö – ”Skullbase Fractures”
A02 – Zwitschermaschine – ”Geh über die Grenze”
A03 – Der Demokratische Konsum – ”Krebs ohne Stuhl”
A04 – Vágtázó Halottkémek – ”Másféle Táj”
A05 – Vladimir Tarasov – ”Atto III «Drumtheatre» (excerpt)”
B01 – New Composers – ”One Minute to Start”
B02 – AG. Geige – ”Elektrische Banane”
B03 – Borghesia – ”Divlja”
B04 – A. E. Bizottság – ”Pek-Pek”
B05 – Ziemia Mindel Würm – ”Untitled”
C01 – NSRD – ”Ost West”
C02 – New Composers – ”Max-Industry”
C03 – DG 307 – ”Co Sme?”
C04 – Praffdata – ”Live in Remont, Warsaw”
C05 – Aktual – ”Atentát Na Kulturu”
D01 – Katalin Ladik – ”Oplakivanje”
D02 – Kilhets – ”Kilhets”
D03 – Pffft…! – ”Live at Intermedia I (Zonic edit)”
D04 – Vágtázó Halottkémek – ”Live in Petőfi Csarnok”
D05 – Andrzej Mitan, Włodzimierz Borowski, Cezary Staniszewski, Tomasz Wilmanski – ”Ptaki”
D06 – Ornament & Verbrechen – ”Der lächelnde Chinese”
Esta compilação em formato LP duplo é um encontro de músicos e artistas que nunca aconteceu. Nunca partilharam o mesmo palco, nem uniram as suas actividades num movimento. Na sua maioria activos nos anos 70 e 80 na União de Republicas Socialistas Soviéticas, a República Popular da Hungria, a República Socialista Checoslovaca, a República Popular da Polónia, a República Federal Socialista da Jugoslávia e a República Democrática Alemã, os grupos e indivíduos visados por esta compilação foram geralmente separados pelas políticas insulares e paranóicas dos estados comunistas em que viviam.
E no entanto, pertenciam todos a uma riquíssima imaginada e estimulante comunidade de ideias, imagens e desejos.
Algumas destas músicas foram gravadas durante enérgicos concertos ao vivo, outras em estúdios caseiros, e outras ainda nas instalações de gravação musical do Estado. Improvisar – quando o acesso aos palcos e ao equipamento era cuidadosamente racionado pelo poder vigente – era não só uma questão de extemporização musical, mas sim o resultado da necessidade. Todas elas, em toda a sua diversidade, partilhar uma linha comum de ideias provocadoras e emancipação através da expressão musical.
A mistura que daí resulta é extremamente variada e atravessa diferentes épocas, estilos e países. Engloba os ataques brutais aos projectos culturais “aprovados pelo estado” do grupo checo Aktual (que foi influenciado pelo Fluxus), através da arte vocal avant-garde influenciada pelo folk da provincia de Vojvodina de Katalin Ladik, ou os ritmos psicadélicos do baterista de jazz lituano Vladimir Tarasov; também representados aqui estão os DG 307, heróis do underground checo com laços estreitos com os The Plastic People of the Universe; o rock progressivo dos Kilhets, que se mantinham próximos da Secção de Jazz de Praga (Jazzová sekce) e optavam por usar os canais oficiais de forma subversiva; o post-punk, tal como interpretado pela banda Ornament & Verbrechen da Berlim Oriental, influenciados pelos Geniale Dilletanten e pela música industrial; e o ainda mais louco grupo Der demokratische Konsum. No sul da RDA encontravam-se os art-punks Zwitschermaschine, de Dresden; o projecto de Kunstkrach (art noise) Pffft…! de Leipzig; bem como o absurdismo electrónico dos AG. Geige de Karl-Marx-Stadt (hoje Chemnitz), que encontraram os seus soul e soundmates nos NSRD da Letónia. Estes, por sua vez, teriam encaixado bem nos eventos FV disco promovidos pelos Borghesia artistas de vídeo e pioneiros dos direitos LGBT, considerados hoje pioneiros da (queer) club culture, um título que poderia ter sido reclamado também pelos Novye Kompository (New Composers / Novos Compositores) na União Soviética, particularmente em Leningrado. Além disso temos o punk xamânico tempestuoso dos Vágtázó Halottkémek aka The Galloping Coroners, o espetáculo neo-dadaista post-punk jazz dos A. E. Bizottság, as composições cerebrais e experimentais de Tibor Szemző, a cacofonia subliminar dos Praffdata, da Polónia, uma instalação de twitter na vida real por Andrzej Mitan, e os sujos beats ritualistas dos Ziemia Mindel Würm.
Estes são os sons que oscilaram entre a esfera da arte “oficial”, onde raramente entraram, e as profundezas da subcultura: Sons que provavelmente nunca foram ouvidos nesta constelação – certamente não para lá das fronteiras dos seus países respectivos.
Aqui, são apresentados com ensaios que descrevem as suas origens e dão pistas para encontrar a riqueza ainda por descobrir nestas zonas de Leste ainda (quase) desprovidas de hype.
Esta compilação assinala a junção de quatro projectos distintos que têm vindo a cobrir histórias até hoje ignoradas e arte alternativa no antigo Bloco de Leste e na Jugoslávia na segunda metade do século 20: A Major Label e a plataforma Zonic na Alemanhã, a exibição Notes From the Underground na Polónia e o projecto Unearthing the Music em Portugal.